Viver quinze dias com dois fusos horários - A minha experiência

Olá! Descobri que é possível uma pessoa viver com dois fusos horários completamente diferentes, ao mesmo tempo.

O da cabeça, que é o do lugar onde estamos fisicamente e por completo, e o do coração, que é o do lugar onde estão os nossos mais-que-tudo e onde estamos por inteiro.

Isto a propósito de uma viagem que fiz recentemente ao Panamá para trabalhar ao serviço do Comité Organizador para o acolhimento da imprensa internacional acreditada para a Jornada Mundial da Juventude 2019. Algo inesquecível.

Ora no Panamá são cinco horas de diferença de Portugal.

Estava eu a levantar-me, umas vezes às 8:00 outras pelas 6:00, ou antes, quando em Portugal já estava tudo à volta da mesa, ou para lá a caminhar, para almoçar.

Nos primeiros dias a cabeça dói, ai que doí, mas nada que não se aguente. E também após o regresso a Portugal, sobretudo quando nos levantamos logo no primeiro dia às 8:00 para levar a filha ao colégio e no Panamá seriam, se lá ainda estivéssemos, 3:00 da madrugada. Um cafézinho se faz favor, nunca mais é noite!

Foi fácil habituar-me ao ritmo do Panamá. Fazia calor, era verão, o trabalho era super-interessante, os residentes são pessoas muito boas e acolhedoras, portanto, tudo do melhor. 

Melhor hora do dia? Aí pelas 16:00/17:00 da tarde no Panamá, tempo para uns minutos pelo Facetime ou pelo Whatsup com Portugal.  

Não esqueço a alegria dos meus pais ao ver-me ali tão perto e ao mesmo tempo tão longe! Parece que estou eu a ver a minha mãe a dizer: “Carlos, liga lá então o computador para vermos a Dininha!”. Temos de concordar que são surpresas muito grandes para pessoas com mais de 80 anos. Ou, por outras palavras, bendita Internet!

O meu relógio no pulso apontou sempre as horas de Portugal. Apeteceu-me, para ir imaginando, e controlando – isto dizem os filhos, o que estariam os meus a fazer naquela hora. 

O relógio do telemóvel e o do computador tinham o horário do Panamá, para não haver enganos.

O marido e os filhos, os outros familiares e os amigos vão dando sinal, enviam uma mensagem, um abraço, contam alguma novidade. 

Percebemos que ao nosso regresso tudo estará, graças a Deus, conforme foi deixado.  

O amor e a amizade têm destas coisas.

Fátima, 18 de fevereiro de 2019

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