Eutanásia: E se fizéssemos o que a Mafalda Ribeiro propõe?



_________________________________________________________________________________

“Querida Mafalda Ribeiro, gosto muito de ti e de pessoas como tu, que nos mostram que a vida vale sempre a pena e que às vezes nos fazem sentir vergonha dos constantes queixumes que fazemos. Beijinhos. LeopolDina.”

Foi esta a mensagem que enviei hoje por Messeger à Mafalda Ribeiro, depois de ler e de partilhar no Facebook a reflexão dela na “Bolsa de Especialistas” da Visão.

A meu ver, a Mafalda aponta a mira da reflexão sobre a eutanásia para o local certo, a atenção e o cuidado à pessoa doente, para que a pretendida morte com dignidade não signifique a aniquilação da pessoa.

“Os defensores da eutanásia acham mesmo que ajudar uma pessoa a morrer é estar a fazer algo por ela? Sou obrigada a concordar: ajudar alguém a morrer é tirar-lhe a vida. É, sem eufemismos, matar essa pessoa”, escreveu.

A proposta da Mafalda é simples: ajudar quem tem uma doença terminal, ou uma doença rara, como é o caso dela, a viver. Repito, ajudar a viver “a vida como um milagre diário”.

Não estamos num mundo cor-de-rosa, todos o sabemos, mas podemos sempre fazer algo de melhor, por nós e pelos outros.

O tão propagado fim do sofrimento da pessoa, na argumentação pró-eutanásia, como o grande remédio para todos os males de quem sofre neste mundo, é claramente insuficiente. Faz até sofrer pensar assim, de forma tão pouco solidária.

E o que fazer ao sofrimento das famílias dos doentes? Também lhes sugerimos a eutanásia? De uma maneira ou de outra, já todos teremos passado por situações de um sofrimento imenso porque vemos outros a sofrer cruelmente. Por vezes, até gostaríamos de ser nós a sofrer, em vez de os nossos filhos, irmãos, pais ou amigos.

O sofrimento existe e não o queremos escamoteado, mas tem graduações muito diferentes de pessoa para pessoa, a nível físico e psíquico. Não concebo a ideia de uma decisão, tantas vezes solitária, se transforme numa indicação desesperada à família e aos profissionais de saúde: “Quero morrer, quero que me matem”.

Quem ouve este grito de socorro deve aproximar-se, cuidar, acabar com a dor física – daí a pertinência dos cuidados paliativos, para todos os que deles necessitem, independentemente do tamanho conta bancária - e ajudar a sarar a dor de quem se sente sozinho, a sobrar ou um entrave.

Na estação de televisão SIC, a “Grande Reportagem” tem vindo a destacar, à viva voz, por médicos e por doentes, as muitas maleitas de que sofre o Serviço Nacional de Saúde. Imaginem juntar a tudo o que a reportagem descreve a possibilidade da eutanásia!

O fenómeno da rampa deslizante – que alarga, paulatinamente, uma decisão, no caso, de eutanásia, de situações terminais, a outras não iguais mas julgadas pela mesma medida – não é uma teoria para amedrontar meninos. É a realidade assustadora devidamente contabilizada nos países onde a eutanásia é praticada.

Na dúvida, na eventualidade do deslize poder vir a acontecer no nosso país, que não se aceite/legalize a Eutanásia em Portugal.

Comentários

Postagens mais visitadas