Quem não se sente… A propósito da Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz



Com data de hoje, a Comissão Nacional Justiça e Paz torna pública a Nota "CHOCANTE DESIGUALDADE" na qual aponta o dedo à injustiça das desigualdades de rendimento que caracterizam a sociedade portuguesa neste tempo de crise.

Ao citar a edição do Expresso datada de 29/09/2018, esta estrutura de Igreja Católica reitera os dados divulgados, que mostram a grande disparidade salarial nalgumas empresas nacionais, em que os dirigentes recebem neste tempo de vacas magras aumentos anuais de cerca de 50% quando, durante o mesmo período, o salário médio dos trabalhadores dessas mesmas empresas desce cerca de 6%. 

A Comissão Nacional Justiça e Paz não só dá conta dos dados como dá voz à indignação que muitos portugueses manifestaram aquando da divulgação dos mesmos. 

Quem não se sente não é filho de boa gente, já reza o ditado. 

Presidida pelo juiz Pedro Vaz Patto, a Comissão Nacional Justiça e Paz considera que “uma sociedade com um tão acentuado grau de desigualdade de rendimentos se afasta de um modelo de sociedade justa, coesa e fraterna”. 

“E o mesmo se diga em relação a cada empresa onde se verifiquem tão grandes disparidades salariais, se encararmos a empresa como uma comunidade de pessoas, unidas em torno de propósitos que deveriam ser, em larga medida, comuns”, refere a Nota. 

Está em causa, como é referido, o sentimento de pertença a uma comunidade, seja ela um país, uma região ou uma empresa ou instituição. 

A este problema a Comissão Nacional Justiça e Paz junta o importante tópico de reflexão de que as desigualdades salariais “a que assistimos nas maiores empresas portuguesas vão muito para além do que poderia justificar o incentivo ou a recompensa do mérito". Isto porque, "De um modo geral, os salários dos dirigentes do topo não dependem estritamente do sucesso da empresa e mantêm-se mesmo quando não se verifica esse sucesso”. 

Além do problema da falta de mérito, ou de um mérito não partilhado com os restantes funcionários de uma empresa ou instituição, outros problemas podem ser descritos. Um outro deles é referido, precisamente hoje, por Laurinda Alves, no Observador: os maus líderes.

“Há, ou devia haver, requisitos mínimos para cargos executivos e de direção, mas duvido que sejam escrupulosamente cumpridos na esmagadora maioria das organizações”, refere a jornalista. 

Já em outras ocasiões a Comissão Nacional Justiça e Paz deu conta da preocupação com os rendimentos dos portugueses, ou melhor, com as desigualdade sentidas a este nível. Uma das últimas iniciativas teve lugar em 2015 com a realização da conferência anual sobre o tema “Sociedade Desigual ou Sociedade Fraterna?”. 

Então, que fazer perante esta realidade chocante? 

A Comissão Justiça e Paz não indica medidas concretas para corrigir a situação, por entender que não lhe cabe fazê-lo, mas torna pública a “indignação perante esta chocante desigualdade” e apela para que seja “corrigida”. 

16 de outubro de 2018 


                


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