Etapa Continental do Sínodo em África aponta desafios comuns a todo o continente
Foram ontem, 17 de janeiro, apresentadas aos jornalistas, pelas conferências episcopais regionais do continente africano, as primeiras reflexões relacionadas com a Etapa Continental do Sínodo em África, com Assembleia Continental agendada para inícios de março na Etiópia. Isto após a reunião de trabalho em realizada em Acra/Gana, em dezembro de 2022, e a anteceder a reunião a realizar na próxima semana em Nairóbi/Quénia.
O continente africano carateriza-se
por uma grande variedade de culturas, idiomas e também pela presença de várias
religiões. No que respeita à Igreja Católica é um continente em crescimento.
Do que foi partilhado na
conferência de imprensa online promovida pela Secretaria Geral do Sínodo e pelo SECAM – Simpósio das Conferências Episcopais da
África e Madagáscar, e embora os interlocutores não falassem a uma só
voz, o caminho sinodal percorrido aponta desafios comuns a todo o continente.
Uma das preocupações
prende-se com a Família, com realidades e tensões diversas como a das mães
solteiras, as famílias divididas e os casamentos arranjados. Outro
desafio enquadra-se no âmbito da pastoral juvenil, com os jovens a serem entendidos
como “uma prioridade” para a Igreja em África.
Percebe-se que a Igreja
em África reflete também a missionação e evangelização e a relação com a
sociedade civil, nomeadamente com a cultura, política e justiça, e que as
conclusões apontam para a necessidade de “acompanhar as pessoas”, para que a
Igreja “possa contribuir para o desenvolvimento da sociedade”.
O diálogo ecuménico e interreligioso,
num continente marcado pelo “problema e desafio do extremismo religioso”, é
outra das dimensões em discussão. A juntar à necessidade de uma maior atenção às “pessoas em trânsito”(os
migrantes, os refugiados) e aos marginalizados (os pobres, os excluídos), numa Igreja
ela própria com as marcas da “precariedade e da fragilidade”.
Outro aspeto comum
apontado pelos secretários das várias conferências episcopais regionais de África
teve que ver com o Sínodo em si, que continua a ser entendido nesta segunda etapa
como um importante caminho que a Igreja deve fazer, “como um processo alegre,
aberto”, “como um dom”.
Foi interessante ouvir
vários interlocutores, todos secretários ou coordenadores das conferências
regionais episcopais, expressarem a sua preferência pela imagem de uma casa
como imagem para a Igreja, ao invés da imagem de uma tenda, que é a imagem que o Documento para a Etapa Continental propõe, isto por a imagem de uma tenda lhes
lembrar precariedade, inconstância, falta de fundações, menor organização.
A conferência iniciou com
umas palavras de D. Luis Marín de San Martín OSA,
subsecretário do Sínodo 2021-2024, que destacou que o Sínodo está a ser um
momento de “profunda renovação e esperança para a Igreja”, “uma oportunidade
extraordinária” de a Igreja encontrar “a coerência”, não para vir a ser uma
Igreja nova, mas no caminho de uma Igreja renovada. Disse também que o Sínodo
não é um evento mas um processo de “escuta aos outros e ao Espírito Santo”, deste
modo assente nas dimensões espiritual e pastoral, e a ser vivido com
“entusiasmo e não como um peso”. Para a subsequente tomada de decisões apelou à
corresponsabilidade e à unidade dentro da diversidade e à necessidade de uma "comunicação circular".
A Assembleia Continental Sinodal
de África e Madagáscar terá lugar de 1 a 6 de março, em Addis Abeba, na
Etiópia. Participarão 155 delegados: 27 leigas, 26 leigos, 16 jovens raparigas,
16 rapazes, 5 seminaristas, 5 noviços, 8 irmãos, 12 irmãs, 18 sacerdotes, 15
bispos e 7 cardeais.
Além desta assembleia
sinodal continental, há a intenção de promover um encontro para os bispos,
representando todas as conferências episcopais de África, para a releitura colegial
da experiência sinodal vivida e para preparar a participação na primeira
assembleia universal do Sínodo em outubro de 2023.
LeopolDina Reis Simões
Membro da Comissão de Comunicação do Sínodo 2021-2024
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