Jorge Bergoglio - O homem (de Deus) certo, no lugar certo



Muita tinta se gastou – e muito tráfego circulou no ambiente digital - até hoje sobre Jorge Bergoglio, que chegou cardeal arcebispo da sua Argentina ao Vaticano para participar no Conclave, após a renúncia de Bento XVI, e que acabaria por ser eleito Papa. 

Lembro-me bem de estar a ter aulas e de nos interrogarmos quem seria D. Bergoglio, de quem nunca tínhamos ouvido falar, quando surgiu à varanda para saudar os fiéis na Praça de S. Pedro e o Mundo com um caloroso "Boa noite".

Na altura trabalhava ao serviço do Centro de Comunicação Social do Santuário de Fátima e tinha preparado com o Serviço de Estudos e Difusão um breve resumo de vida e sobretudo da ligação a Fátima dos cardeais que entendíamos “papáveis”, uma expressão talvez pouco elegante para falar sobre aqueles que nos parecia mais plausível virem a ser eleitos sumo pontífice. 

Pesquisávamos as vezes que tinham peregrinado a Fátima, em que condições aqui tinham vindo, o que tinham dito em Fátima ou em outro lugar sobre a mensagem e/ou sobre Nossa Senhora de Fátima. Sobre o cardeal Bergoglio, nem pouco nem muito, não pesquisámos nada. 

Valeu-me o então diretor do Serviços de Estudos e Difusão, o padre dr. Luciano Cristino, que prontamente procedeu a uma pesquisa que nos permitiu logo na madrugada do dia seguinte mostrar ao mundo que o Papa eleito tinha, na sua terra Natal, falado da Mensagem de Fátima e rezado a Nossa Senhora de Fátima.

Tarefas de comunicação, que fazem parte do que tem de ser feito.

Nestes anos de pontificado tanto se disse e escreveu sobre este Papa, primeiro a surpresa, a alegria, depois a critica a uma forma de expressar para uns entendida como simplória para outros como a dos sábios, aqueles que sabem fazer-se entender por todos. E claro, o espanto da proposta de reforma, a felicitação, a contestação...  

Recentemente, numa iniciativa em Lisboa, Manuel Fandila Sanchez, diretor do Gabinete Internacional de Comunicação do Opus Dei, entre outras muitas funções e atividades, apresentou uma perspetiva interessante, dando-nos algumas chaves biográficas do Papa Francisco para ajudar a ler o seu pontificado. 

Fez-nos ver que todos somos um pouco daquilo em que crescemos, as experiências que vivemos, as pessoas que conhecemos. 

Destaco em tópicos, em jeito de partilha, as principais linhas biográficas do atual Papa, que Manuel Fandila Sanchez referiu: 

- Bergoglio nasceu, cresceu, formou-se e trabalhou num país de tradição católica.

- Nasceu num momento de grande força da Igreja Católica na Argentina.

- É uma pessoa do povo, da classe trabalhadora e nunca pretendeu deixar de o ser, envolvendo-se em iniciativas e gestos de proximidade. 

- Já sacerdote, Bergoglio exerceu funções de professor e padre num momento em que a Piedade Popular era a grande forma de celebrar e viver a fé, mas em que também se sentia o impacto em crescendo do secularismo.

- Viveu numa cidade, Buenos Aires, onde co-habitam de forma natural e pacífica fiéis de credos religiosos diferentes e várias nuances de viver a fé católica, por isso conheceu bem na sua vida diária o sentido e a importância do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.

- Trabalhou para a Cúria Romana e no Sínodo dos Bispos. 

- Não esqueçamos também, referiu Manuel Fandila Sanchez, que Jorge Bergoglio é sacerdote-jesuíta, algo peculiar na forma de ser e de estar ao serviço da Igreja e de Deus. 

- Não participou no Concilio do Vaticano II, mas absorveu, testemunhou e trabalhou no sentido desse ansiado aggiornamento da Igreja. 

Para mim é o homem (de Deus) certo no lugar certo.

17/10/2018

Comentários

  1. Olá Leopoldina. Desconhecia que tinha no ar este "Almanaque". Interessante o artigo de hoje, espero voltar mais vezes. Saudações amigas.

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    1. Olá viva, senhor Eduardo. O Almanaque é recente. Obrigada! Um abraço amigo também para si.

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